Arte-Educação pela Dinâmica das Práticas Reflexivas

Existem muitas maneiras de se tratar a arte-educação ou mesmo de se nomear uma iniciativa como arte-educacional. Ela é ampla, plural e assim precisa ser. O que na verdade é bem compreensível considerando a própria diversidade de linguagens que representa a arte.

Por exemplo, temos a música, a dança, poesia, literatura, teatro… inseridos em seus universos de linguagem e, é claro, as artes visuais que nesse caso são o meu foco de interesse principal.

Além das infinitas formas de relação que essas linguagens podem produzir, a arte ainda se torna maior se pensarmos o imensurável poder de significação contido em suas manifestações. Afinal, cada indivíduo tem o direito e a liberdade de significá-la considerando uma escuta e olhar particulares.

No meu trabalho como artista e professor procuro fazer circular as experiências que vivo nesses dois ambientes: atelier e aulas de arte e, entre as experiências que são comuns aos dois, é a sensibilidade que,apesar de óbvia, me parece fundamental.

Como contemplar uma obra, sem esse quesito tão importante que é a sensibilidade?

Como exercer o direito de olhar e refletir sobre algo externo se não houver conexão com um interno minimamente fortalecido por experiências criativas?

Talvez, por acreditar que a sensibilidade é estruturante nos processos subjetivos desenvolvi um processo para tratar a educação artística que passei a chamar de DPR – Dinâmica das Práticas Reflexivas.

A proposta das Práticas Reflexivas sugere uma forma de agir que prioriza instigar o aluno à ação artística que, observada pelo professor, possam ser reconhecidas ocorrências.

A partir da reflexão do professor sobre essa ou essas ocorrências é proposta uma nova atividade que gere uma nova prática e assim consecutivamente.

Com essa dinâmica entre ação e ocorrência, acredito que vão sendo fortalecidas experiências capazes de promover conquistas dentro e fora, tanto do professor quanto do aluno.

As práticas artísticas sempre estiveram presentes no meu trabalho como professor, mas a reflexão sobre os processos e resultados que acompanho, somente passou a ter a mesma importância que a ação artística em si, depois de alguns anos.

Foi ela, a reflexão, que promoveu a circulação entre o que antes se configurava em mim como dois universos distintos.

A experiência de trabalhar uma época com a minha amiga Madalena Freire, que me apresentou a educação associada ao exercício das sínteses, acabou se tornando um hábito, quase um vício do qual não me separei mais. Elas norteiam, no meu caso promovem apropriação do fazer artístico e consequentemente conscientizam, tanto aluno quanto professor de que o processo evolutivo dos dois precisa estar sempre presente.

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